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Antonio Lopes - Crônica 369 – Diversidade Sexual

Manifestações distorcidas e influenciadas por doutrinas religiosas, políticas, sociais e crenças, podem provocar no ser humano ataques injustos e preconceituosos. Alguns se prevalecem da desinformação das pessoas e querem praticar terapias de reorientação de uma situação que já existe há milhares de anos, que é a homossexualidade.

O ser humano que tem sua sexualidade diferente do seu corpo, ou seja, sentimento de mulher em um homem e sentimento de homem numa mulher, sofre em uma luta interna. É preciso entender a condição humana de cada um, sem preconceitos, sem valores de qualquer origem, pois caso contrário o que acontece é julgamento de algo que não pertence a quem critica e condena, ou que pensa poder alterar o estado de um ser para que seja igual ao seu. Mas também pode ser um desejo inconsciente reprimido. Leiam algumas vivências clínicas.

“Um jovem de 28 anos, no seu trabalho de tecnologias empresarias, ao ligar o computador tem uma forte e incontrolável pulsão de entrar no site fetiche. Conta que nesse site estabeleceu relacionamento virtual com outro homem e que, não satisfeito, marcou um encontro, culminando com uma relação homossexual e se sentia enojado. Mas, logo na semana seguinte, estava novamente em contato com a mesma pessoa e o coito passou a ser extremamente prazeroso.”

“Outro rapaz relatou que esteve noivo durante dois anos e que sua relação sexual não era o que lhe dava satisfação, pois tinha uma forte atração por homem e que seus sentimentos amorosos o torturavam, com medo dos julgamentos de amigos, parentes e colegas de trabalho. Perguntava-se se era gay, em busca de aprovação para a sua condição humana. Depois de algumas sessões, retornou ao consultório feliz e disse que havia contado para todo mundo a sua condição homossexual.”

“Uma senhora levou ao consultório o filho de 18 anos, estudante aplicado em Engenharia, com a finalidade de que a psicanálise pudesse ‘curá-lo’, pois ele disse que era gay. Era um jovem com sentimento totalmente feminino, demonstrado em seus gestos e forma de falar. Uma menina num corpo de homem.

“Uma jovem empresária, quando perguntada se tinha um namorado, respondeu: “namorada”. No transcorrer das terapias a namorada também foi ao consultório, apaixonada pela sua companheira.”

“Uma senhora se lamentava que sua sobrinha era lésbica e não se conformava, dizendo: ‘que horror! Isso é um absurdo e uma vergonha na família’.”

Mikhail Gallatinov, 40, e Marc Goodwin, 31, tinham algo em comum: ambos estavam presos na Inglaterra por terem assassinado homossexuais. O que eles não sabiam, porém, é que tinham tanto em comum que acabariam protagonizando o primeiro casamento homossexual da história dos presídios britânicos.

Na homofobia há uma projeção daquilo que a pessoa também tem em seu interior, como uma manifestação de desejo reprimida pelos arquétipos sociais e, com isto, o mecanismo de defesa do inconsciente dispara atitudes agressivas, que pode ser o medo do que há dentro de si, na bissexualidade.

Segundo Freud, o ser humano é bissexual e o que prevalece na vida é a manifestação mais forte, a qual pode surgir numa idade adulta, como é o caso de pessoas que foram casadas, tiveram filhos e depois encontram uma parceria do mesmo sexo, tendo a coragem e liberdade de assumir sua condição humana.

É inegável e marcante existirem pessoas que só são atraídas por indivíduos de seu próprio sexo e pelo órgão genital deles. Não julgar é sabedoria para se viver em harmonia com as diversidades.



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Diversos 29/09