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Antonio Lopes - Ensaio Psicanalítico 425 - Fobia Sexual

A evitação de contato sexual, manifestada por jovens adolescentes e adultos de ambos os sexos, geralmente é originada por uma desorientação da sexualidade ou por ter vivido uma experiência fracassada, ou agressiva, na fase de transição da puberdade para a adolescência, ou da adolescência para a adulta, permanecendo dúvidas sobre como resolver as pulsões que incomodam o Ego não satisfeito, resultando na baixa da autoestima ou, no dizer de Freud, em histeria de angústia ou neurose de angústia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a adolescência vai até os 25 anos de idade e, no convívio com outras pessoas dessa faixa etária, quando acontece a discussão sobre sexo, alguns contam vantagem, propagando o quanto é gostoso e ironizam os que ainda não viveram essa experiência, como sendo obrigatório que, para se tornar adulto, é preciso estar em atividade sexual.

Jovens fracassados nas primeiras tentativas poderão ser afetados pelo sofrimento mental fóbico ao sexo, piorando ainda mais quando reprimidos por valores religiosos, castradores, de que sexo é só para depois do casamento. No seio familiar as piadinhas e os cupidos, que querem arranjar um namoro, prejudicam com suas conversas irônicas, colocando em dúvida a opção da pessoa que já está confusa sobre como proceder diante de um relacionamento amoroso.

O medo e insegurança resultam em uma fobia sexual ou genofobia (medo de sexo), culminado na opção de se afastar da possibilidade de gostar de alguém, ou de ficar com medo de se manifestar para uma pessoa e ser rejeitado. O medo extremo poderá desenvolver pensamentos destruidores da sua capacidade em resolver com naturalidade seus desejos, impedindo que possa assumir uma posição clara sobre sua condição sexual, pois a carência afetiva poderá ser dirigida para um outro do mesmo sexo, com fantasias não realizadas que tanto incomodam a vida. Podem sentir-se sozinhas e envergonhadas dos seus medos.

Garotas que não conseguem abraçar o pai e rapazes que não abraçam a mãe, por sentirem algo estranho no contato, repulsam a possibilidade de sentir o toque do corpo e empurram o outro, para afastar a chance de sentir alguma coisa desagradável que não pode entender o que é, com atitudes de sentimento inadequadas no convívio social e familiar. Desenvolvem um sentimento de culpa inexplicável e sofrem por não terem a coragem de falar sobre esse assunto tão importante, prejudicando seus estudos por não conseguirem estabelecer concentração nas aulas ou nas atividades sociais. A vida tende a se tornar bastante solitária e deprimente, sua fobia pode até mesmo interferir com as suas rotinas diárias.

Estupro ou abuso sexual, especialmente na infância, podem potencializar o medo intenso de sexo. Casos de atentado libidinoso na infância levam à insegurança na idade adulta. A criança pode não entender as implicações do que aconteceu com ela naquele momento mas, depois, cresce e começa a se sentir violada, com sentimento de culpa e raiva.

A alarmante divulgação sobre a AIDS, no início dos anos 1980, contribuiu para o desenvolvimento da genofobia, resultando em atitudes negativas, com falsas crenças sobre doenças sexualmente transmissíveis. A falta de uma educação sexual coloca o ser num universo desconhecido e temeroso. À medida que as experiências individuais provocam medo e culpa sobre sexo, evita-se discussões sobre essas questões, causando ainda mais ignorância e vulnerabilidade sobre a relação íntima com alguém.

Homens com disfunção erétil também podem experimentar o medo de sexo. Nas mulheres, sexo doloroso, mutilação genital ou certas condições médicas podem impedir a realização do coito e causar a repulsa ao ato sexual. O pensamento de ficar íntimo de alguém pode levar a ataque de ansiedade, caracterizado por vários sintomas, tais como: respiração rápida e superficial, aumento da frequência cardíaca, sensação de estar sendo sufocado, pensamentos de morte ou de morrer, palmas das mãos suadas, terror extremo, insônia, crise de ansiedade e tantas outras perturbações.

É preciso buscar ajuda, evitar medicação que possa afetar a diminuição da libido, entender que não precisa ter vergonha para consultar um profissional da área mental, estudar sobre o assunto e escolher o melhor para si, pois há cura quando se realiza tratamento adequado, principalmente com terapias alternativas e psicanalíticas. O sexo é uma necessidade humana que proporciona prazer, contribui para o equilíbrio emocional e elevação da autoestima. A troca de carícias estimula a circulação da serotonina no organismo, o que é necessário para a harmonia do corpo e a saúde física e mental, reduzindo a ansiedade nos que sofrem com essa nefasta dúvida pessoal.



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Diversos 26/11