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Antonio Lopes - Crônica 370 - A criança e a educação

A criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior. O bebê nasce também com uma tendência para o desenvolvimento. A tarefa da mãe é oferecer um suporte adequado para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo.

Atualmente a criança, ainda muito pequena, fica uma grande parte do dia numa creche e pode começar a apresentar algumas doenças. Devido a licença-maternidade ser de apenas 4 meses, encontramos bebês a partir de poucos meses sob os cuidados de pessoas que não são da família e que, talvez, não consigam dar o mesmo cuidado que as mães. A referência familiar fica interrompida por um mundo fora do lar. Além de expor a criança aos afetos de estranhos, com um organismo ainda fraco de defesas, com menos anticorpos, o convívio com vírus e bactérias provocam doenças respiratórias, sinusites, otites, resfriados e várias outras.

Desde pequenino o bebê passa a ser submetido a uma educação padronizada, com valores culturais variados, que nem sempre coincidem com os valores dos pais e, com isso, se registram na infância marcas emocionais indeléveis, que irão se manifestar na vida adulta. As crianças na fase de creche não têm consciência, são movidas exclusivamente pelo inconsciente que está sempre em busca de prazer e, para isso, precisa brincar para desenvolver a criatividade com novas experiências. Quando não satisfazem seus desejos, desabam a chorar e podem desenvolver psicossomatizações como a febre, diarreia, intestino preso, dor de barriga, perda de apetite, etc...

Essa dependência da criança, que não distingue sua realidade com a realidade externa, conduz a uma angústia existencial, pois não há compreensão do que está acontecendo, sendo necessário utilizar de recursos como brincadeiras, músicas e historinhas que possam levar a alegria e prazer, proporcionando uma formação de elementos influenciadores da personalidade que ainda não existe.

Na Educação Infantil a professora, que adquire o papel de mãe, fica sobrecarregada com tantas outras crianças ao mesmo tempo, o que pode levar a um estresse que altera o humor, prejudicando o bom desenvolvimento dessa relação tão importante na evolução do ser, que se encontra indefeso.

A habilidade da educadora passa a ser de extrema importância nessa fase da vida, exigindo uma dedicação pessoal, mesmo quando ela está com as emoções desequilibradas pelos seus próprios conflitos e dificuldades familiares. A professora acumula os papeis de ensinar e de educar.

É preciso entender que todos passamos por essas fases de crescimento, descobrindo o mundo pouco a pouco, sendo necessário buscar mais alternativas de adaptação a tanta tecnologia que nos envolve, entendendo que o compromisso de cuidar e ensinar passa a ser a fase mais importante na formação de pessoas, numa sociedade que se transforma influenciada pelo consumismo, buscando valorizar e respeitar as bases do Amor e do Ser.



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Diversos 06/10